É um dos títulos fortes em cartaz, neste momento. "Austrália" recorreu a uma forte campanha publicitária, na qual já eram notórias as influências dos grandes épicos de outrora - basta olhar para um dos cartazes do filme para recordar "E tudo o vento levou", por exemplo.
Mas não foi só da publicidade que se serviu este filme. "Austrália" connseguiu o feito de reunir no mesmo elenco nomes fortes do cinema, como são os de Nicole Kidman e Hugh Jackman (ambos nascidos neste continente). Acresce ainda que a realização foi deixada a cargo do conhecido Baz Luhrman, cujos trabalhos anteriores são "Romeu+Julieta" e "Moulin Rouge!".
Há vários aspectos a assinalar neste filme. Em primeiro lugar, a narrativa, algo linear mas desenvolvida num argumento extremamente longo, acaba por cortar o efeito que um filme deste calibre poderia atingir. Por outro lado, "Austrália" tem muito a ganhar com a beleza dos cenários naturais escolhidos, que acabam por fazer deste continente como que uma personagem desta história.
As interpretações principais, a cargo dos já mencionados actores, diferem em termos de intensidade. Assim, enquanto Hugh Jackman surge extremamente realista e à-vontade no seu Drover, já Nicole Kidman parece interpretar apenas mais uma personagem, sem grande garra. A surpresa vai para o pequeno Brandon Walters, no papel do nativo Nullah. A criança é colocada no papel de narrador da história, e fá-lo com surpreendente credibilidade, sem cair no sentimentalismo fácil.
A falta de surpresa no desenrolar do argumento é, sem dúvida, um dos aspectos negativos de "Austrália". A tão usada fórmula "boy meets girl" acaba por ser expectável desde os primeiros momentos do filme.
Outra nota negativa cai no desempenho de Baz Luhrman enquanto realizador. Depois da surpresa que foram os seus dois últimos trabalhos, marcados pela originalidade, Luhrman acaba por recorrer a uma espécie de "piloto automático", sem que se encontrem neste "Austrália" grandes traços característicos.
No seu todo, o filme cumpre no sentido em que entretém a audiência. Já em termos cinematográficos, fica algo aquém das espectativas.