domingo, novembro 12, 2006

“The popular culture debate and light entertainment on television”, David Lusted (texto 9 da sebenta)


Para as elites, a televisão é encarada como algo de “baixo nível cultural”. Tal ideia deve-se, sobretudo, aos programas de entretenimento light. Programas deste género, bem como a televisão em si cabem na categoria de “cultura popular” (popular culture).

Cultura Popular
A cultura popular é vista de acordo com duas grandes linhas de pensamento:
  • É considerada um género cultural inferior, moralmente ofensiva, podendo causar uma atitude passiva e ainda levar à perda de “status”, no processo de homogeneização.
  • Há um interesse genuíno em investigar a cultura popular, em particular a audiência massificada (supostamente, a sua maior consumidora).

Fala-se de cultura popular como forma de divertimento, bem como de enquadramento de grupos marginais.

Populismos e Populismo Cultural
O populismo tem, sobretudo, carácter político, embora nele se inclua, também, uma vertente cultural. Esta vertente cultural aumenta exponencialmente com o surgimento das indústrias modernas de entretenimento e dos meios de comunicação de massas. Assim, a antipatia sentida para com a cultura popular é, muitas vezes, a antipatia para com o seu populismo.
São as classes trabalhadoras quem mais aceita e consome a cultura popular.

Entretenimento televisivo light
Este inclui programas de jogos, de variedades, competições de talentos e, mais recentemente, programas de grande interacção com o público (do it yourself shows).
O entretenimento light existe desde os primórdios da televisão; contudo, já era feito antes do surgimento desta. Continua, no entanto, a reinventar-se, através do uso de novas tecnologias.
As telenovelas e programas de comédia são dois dos géneros de entretenimento light mais populares. Ambos são tendencialmente vistos por pessoas de ambos os géneros e de todas as idades, sendo o estereótipo da sua audiência a família urbana de classe trabalhadora.

Utopia e Populismo
A cultura popular apela a mecanismos afectivos. Daí surge o conceito de sensatez utópica (utopic sensitivity), ou seja, a experiência de sentimentos de abundância, energia, transparência, intensidade e mesmo de comunidade. Assim, esta sensatez utópica é como que uma fórmula de escape para um mundo diferente.

Heroísmo populista

As figuras populares são-no visto terem mais semelhanças que diferenças relativamente a todos nós. Por outro lado, estas só são populares por consentimento da generalidade dos indivíduos. Assim, o herói populista deve agir cuidadosamente, de modo a conciliar ser um dos “outros” sem esquecer aqueles de onde emergiu (um de “nós”).

A família do entretenimento light
Neste tipo de entretenimento, é feita a exploração de sentimentos da esfera privada (“o que é que sente?”). É este interesse por sentimentos que caracteriza a cultura das classes trabalhadoras. Esta cultura privilegia a palavra dita, a narrativa. Isto transparece no tipo de entretenimento que se consome, estando este carregado de emoção e sentimentos.

É, então, importante (re)pensar este tipo de entretenimento, bem como a responsabilidade que acarreta a aproximação, através dele, a grupos sociais enquanto telespectadores.

Sem comentários: