segunda-feira, janeiro 21, 2008

"Expiação"

O mais recente filme de Joe Wright tem vindo a ser reconhecido pelos mais diversos festivais de cinema, bem como nas cerimónias de entrega de prémios. Recordemos que, recentemente, recebeu o Globo de Ouro para melhor filme.

Trata-se de uma película que, à partida, irá atraír multidões às salas de cinema: em primeiro lugar, pela escolha dos actores principais, dos quais se destaca Keira Knightley (actualmente, uma aposta ganha em termos de popularidade: a actriz celebrizou-se em "Piratas das Caraíbas" e, desde então, tornou-se uma estrela entre os mais novos). Por outro lado, o que nos é anunciado, tanto no trailer como no resto da campanha publicitária deste filme é uma história de amor impedida pela guerra, um cliché já muito, muito usado por Hollywood que, contudo, não deixa de conseguir o seu objectivo - atrair públicos às salas de cinema.

"Expiação" é como que dois filmes conjugados num só. Numa primeira parte, temos o período que antecede a Segunda Guerra Mundial, em Inglaterra. Num ambiente claramente elitista, dividido entre os previsíveis "ricos" e "pobres", Cecilia e Robbie vivem um amor proibido, que acaba por ser impedido por uma mentira de Briony, a imaginativa irmã de Cecilia. Robbie é preso, Cecilia espera o seu regresso.

É então que a acção salta vários anos, passando para cenários da Segunda Guerra Mundial. Cecilia e Robbie voltaram já a encontrar-se. Como, não sabemos bem. Ainda se amam, mas têm de se separar. Robbie é soldado, irá partir para França. E a guerra continua, num claro apelo aos públicos que gostam de ir ao cinema para ver sangue e destruição. Porque rende.

Temos uma banda sonora extremamente repetitiva, que raramente consegue cumprir o seu papel de conferir às imagens maior densidade dramática.

Contudo, é de destacar a cena em que os soldados chegam às praias de França. A praia, o local da ingenuidade, da pureza, é invadido pela guerra, o que nos é mostrado em apenas uma filmagem contínua. O cenário está realista, numa crueza que recorda os horrores do quadro "As tentações de Santo Antão". É, provavelmente, a melhor cena do filme.

"Expiação" é já um sucesso de bilheteira. Mas não deixa de ser uma narrativa muito pouco linear, claramente dirigindo um apelo à massa de expectadores, em lugar de ser um grande filme.

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