domingo, novembro 19, 2006

“Is there a fan in the house? The affective sencibility of fandom”, Laurence Grossberg (texto 12 da sebenta)

Existem muitas concepções acerca de fãs. Como defini-los, então? Uma das respostas poderá ser considerar aquilo de que os fãs são fãs; isto levaria a outra questão: o que torna popular a cultura popular?
A resposta mais óbvia é a de que algo é popular pela sua popularidade, ou seja, torna-se uma questão de gostos.
Outra resposta procura caracterizar aqueles que se tornam fãs; assim, assume-se frequentemente, que a cultura popular atrai apenas os níveis mais baixos e acríticos da população, facilmente manipuláveis e passivos.
Durante algum tempo, esta ideia de fãs foi rejeitada por argumentos que dividem a audiência da cultura popular:
  • Segmento maioritário: indivíduos que consomem passivamente a cultura popular
  • Segmento minoritário: apropria-se dos produtos da cultura popular, conferindo-lhes um significado novo e original (que pode ser a expressão das suas experiências)

Assim, fãs seriam uma elite minoritária, entre a generalidade de consumidores passivos.
Há, portanto, que admitir que, na maioria dos casos, a relação entre a audiência e produtos culturais é activa e produtiva. Os indivíduos procuram conferir a tais produtos significados que lhes digam algo. Deste modo, o mesmo produto pode gerar diferentes interpretações, já que a audiência da cultura popular não é homogénea.


Tanto audiências como produtos estão em constante mudança. Assim, a relação entre ambos deve ser compreendida em contexto. Às relações entre produtos e audiências, localizadas em determinado contexto, chama-se uma “sensibilidade”.
A sensibilidade de um contexto cultural define como produtos e práticas específicas podem ser escolhidos.

A relação de um fã com produtos culturais deriva do afecto. Contudo, o afecto é uma experiência subjectiva, dividindo-se em qualidade e quantidade. O afecto direcciona os nossos interesses, possibilitando, também, que certas diferenças se tornem símbolos de identidade, em determinados contextos.
Os fãs dividem o universo cultural entre o “nós” e “eles”.


Para os fãs, contextos culturais específicos tornam-se “saturados” de afecto: nesses contextos, definem-se escalas de interesse. Estas escalas criam uma coerência de acordo com a qual o fã vive.


O fã só pode ser compreendido num contexto histórico; todos somos fãs de várias coisas. É na cultura de consumo que se faz a transição de consumidor para o fã: são conceitos diferentes.


O fã é activo, investe em determinadas práticas e recebe, como feedback, um sentimento de controlo: sente-se capaz de continuar a procurar “fazer a diferença”.

Num mundo onde o pessimismo vigora, ser-se fã é uma forma de optimismo, de paixão (ambos necessários para se lutar por melhores condições de vida).

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