sábado, dezembro 09, 2006

"The new producers", Chris Anderson (texto 13 da sebenta)

Devido às consequências de um acontecimento de cariz astronómico que ocorreu a 23 de Fevereiro de 1987, pode falar-se da chegada de uma nova era: uma na qual profissionais e amadores trabalham juntos. Isto torna-se possível, em grande parte, graças ao uso da Internet enquanto meio de partilha de informações. Esta nova era traz inúmeras vantagens e também algumas questões.
O conceito por detrás da nova era, a iniciativa individual, não é, contudo, novidade. Podemos citar inúmeras referências, tais como Karl Marx, que fala na democratização dos meios de produção. Tal democratização revoluciona os mais diversos campos de actividade, desde o cinema à música e mesmo à literatura (nomeadamente, através da blogosfera).

A principal consequência desta alteração é a passagem de consumidores passivos a produtores activos; estes produzem conteúdos, sobretudo, por gosto (daí o termo “amador”, do latim amator). Com acesso à Internet, cada indivíduo passa a ter ao seu alcance as ferramentas necessárias para se tornar criador.


O maior exemplo recente deste fenómeno é a Wikipédia. O termo “wiki” deriva da palavra havaiana, significando “rápido”. A Wikipédia permite que qualquer utilizador da Internet leve a cabo uma pesquisa, podendo, também, editar o conhecimento por ela disponibilizado. Desta forma, é criada uma gigantesca enciclopédia, disponível online Devido à sua componente inovadora, a Wikipiédia está no centro de grande controvérsia. Esta advém, sobretudo, do facto de se contar com a contribuição de privados não ser a forma habitual de criar enciclopédias, estando a sua elaboração a cargo de indivíduos prestigiados. Em lugar disto, a Wikipédia conta com a self-organizarion. Sendo uma ideia que data de 2001, já em 2005 atingira um enorme sucesso. Este advém, sobretudo, da facilidade a ela aceder. Por outro lado, uma vez que todos podem contribuir, acrescentando ou alterando entradas, praticamente todos os temas são objecto de atenção.

  • Conteúdos: fonte de debate

Há casos em que são detectados erros nas entradas da Wikipédia. Estes lançaram um enorme debate acerca da sua fiablididade. A resposta a tal debate é complexa. Se, por um lado, queremos acreditar no que lemos, sabemos que, na Wikipédia, não há alguém que controle os seus conteúdos: são os indivíduos que o fazem. Há,no entanto, quem defenda que esta forma de controlo é realmente produtiva: um erro detectado pode ser facilmente corrigido, o que não acontece numa enciclopédia tradicional. Esta auto-protecção é, portanto, apontada como uma vantagem.

Por outro lado, a quantidade de entradas na Wikipédia é muitíssimo maior que em qualquer outra enciclopédia. Isto torna-a a mas completa enciclopédia que alguma vez existiu. É, também, permanentemente actualizada, pelos seus milhares de utilizadores.

Assim, embora com notórias diferenças de enciclopédias usuais, que geram uma enorme controvérsia, a Wikipédia é a prova de que, tendo as ferramentas disponíveis, todos podemos ser produtores.

  • Conteúdos: fonte de debate

Com custos de distribuição e de produção muito baixos, devido à democratização das novas tecnologias, existem vários motivos que levam os indivíduos a ser produtores. Entre eles, destaca-se a reputação. Esta poderá, futuramente, repercutir-se em formas de pagamento e/ou de lucro mais concretas.

  • O self-publishing

Devido à facilidade em criar e distribuir mensagens e conteúdos, há um número crescente de indivíduos que procuram publicar os seus conteúdos. Por exemplo, um escritor poderá ver a sua obra publicada graças ao site Lulu.com. na Coreia do Sul, o trabalho dos jornalistas é ajudado por privados, que lhes enviam notícias de todos os géneros.

Com esta diversidade de insentivos, os indivíduos procuram, cada vez mais, ser ciradores, em lugar de apenas consumidores. A própria indústria do entretenimento poderá beneficiar com esta nova tendência.

Assim, a divisão entre consumidores e produtores está cada vez mais ténue. O consumidor é, também, produtor. Assim se gera a nova “arquitectura de participação”, na qual a democratização dos meios de produção é fundamental.

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