domingo, novembro 26, 2006

Resumo de Aula Teórica: Audiências de Televisão - A Telenovela

De acordo com a autora Christine Geraghy, podem ser feitos quatro tipos de estudos sobre televisão:

  • Texto/programa específico: os públicos são estudados de acordo com uma audiência seccionada (ex: trabalho de Verónica Policarpo, Viver a Telenovela)
  • Tipo de espectadores: estudam-se variáveis como o sexo, a idade, local de residência, entre outras
  • Contexto de visualização: tem importância, uma vez que, exteriormente, reagimos de forma distinta em contextos diferentes (ex: Euro 2004 – ver um jogo em casa ou em locais públicos)
  • Contexto tecnológico: o espectador que apenas tem televisão em casa é diferente do que tem mais recursos; se nos cingirmos a um meio de comunicação, o que este diz “é a verdade”

Este tipo de estudos é de ordem qualitativa, dando conta de como se vê televisão.

Modos de ver televisão

  • Ouvir televisão: tv como ruído de fundo, até algo específico captar a nossa atenção.
  • Ver televisão: o indivíduo vê, mas pode, simultaneamente, fazer outras coisas.

A Telenovela

Uma telenovela tende a estruturar-se em torno de valores culturais existentes em determinada cultura. Assim, é sempre composta por dois elementos: entretenimento e drama.

Verifica-se, então, um duplo movimento:

  • Recepção: a novela procura responder à pressão social de novos modelos sociais
  • Produção: esta faz a projecção do que pode agradar à sociedade.

Para além deste duplo movimento, a autora Irene Mejier identifica 8 elementos fundamentais para o sucesso da novela: valores; diversidade/paleta; representação igual; potencial dramático; género; credibilidade; disponibilidade; consciência social.

Datas importantes na história da telenovela em Portugal

1977:
começa a ser emitida a novela “Gabriela", tendo sido um enorme sucesso.
Para o compreender, há que desfazer a ideia de que a telenovela não é uma produção de qualidade. Esta combina vários componentes:

  • Literatura: muitas são baseadas em romances
  • Teatro: empregam os melhores actores e actrizes
  • Cinema: emprega realizadores e argumentistas de grande qualidade
  • Música: a novela serve de rampa de lançamento a muitos músicos e cantores

Assim, a novela tem muitas ligações a um conjunto apreciável de artes.

1992: arranque da televisão privada (SIC em ’92; TVI em ’93). Os primeiros anos são de conquista de audiências. Em 1995, a SIC lidera o primetime e, em 1999, é líder em todo o horário de emissão.
A liderança da SIC baseia-se em alguns pontos fortes:

  • Informação: mais arrojada e irreverente
  • Telenovelas: passa a transmitir as novelas da Globo
  • Programação em geral: dirige-se às classes populares (C1), sem preocupações eruditas

(elementos extra)

  • Revistas cor de rosa: o que faz sucesso nos media aparece nas capas de revistas; consolida-se a imagem de uma estação.

Na época de sucesso da SIC, vivia-se uma época de optimismo na actividade privada e expansão económica.

Em 1999, a TVI é parcialmente comprada pela Media Capital, o que leva à alteração da filosofia da estação (tendo esta, entretanto, perdido a sua vertente católica). Aposta-se em:

  • Informação: dirigida às classes mais baixas (C2 e D)
  • Telenovelas: aposta na ficção nacional (apoiada pela NBP)
  • Reality Shows: o Big Brother foi a grande alavanca para o sucesso da TVI.

Assim, a TVI atinge a liderança num período de crise económica, de depressão. Encaixa-se no conceito de “televisão do povo”, que nasce na era da neo-tv (conceito de Eduardo Cintra Torres).

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