É bem conhecida a dificuldade de transformar as palavras em imagens. Adaptar um romance para o cinema implica sempre cedências, fazendo com que se perca este ou aquele aspecto do livro original.
Contudo, isto parece não acontecer em "Ensaio sobre a cegueira". Da obra original de José Saramago, o filme de Fernando Meirelles consegue trazer com aparente simplicidade o trabalho do recentemente falecido Nobel da Literatura para a Sétima Arte. Trata-se de uma magnífica adaptação cinematográfica, com muito poucos aspectos a apontar.
De facto, o maior ponto fraco deste "Ensaio sobre a Cegueira" é mesmo a fraca qualidade da banda sonora, que frequentemente não consegue acompanhar a intensidade das imagens.
Já indiscutível é a qualidade dos desempenhos de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover e Gael García Bernal, que dão vida de forma coerente e dramática às personagens de Saramago: sem nome mas com identidade.
Igual destaque é merecido pela exímia filmagem de Fernando Meirelles, que capta a essência das palavras em imagens tão aflitivas como cheias de esperança num amanhã em que deixemos as nossas pequenas cegueiras.