- Texto/programa específico: os públicos são estudados de acordo com uma audiência seccionada (ex: trabalho de Verónica Policarpo, Viver a Telenovela)
- Tipo de espectadores: estudam-se variáveis como o sexo, a idade, local de residência, entre outras
- Contexto de visualização: tem importância, uma vez que, exteriormente, reagimos de forma distinta em contextos diferentes (ex: Euro 2004 – ver um jogo em casa ou em locais públicos)
- Contexto tecnológico: o espectador que apenas tem televisão em casa é diferente do que tem mais recursos; se nos cingirmos a um meio de comunicação, o que este diz “é a verdade”
Este tipo de estudos é de ordem qualitativa, dando conta de como se vê televisão.
Modos de ver televisão
- Ouvir televisão: tv como ruído de fundo, até algo específico captar a nossa atenção.
- Ver televisão: o indivíduo vê, mas pode, simultaneamente, fazer outras coisas.
A Telenovela
Uma telenovela tende a estruturar-se em torno de valores culturais existentes em determinada cultura. Assim, é sempre composta por dois elementos: entretenimento e drama.
Verifica-se, então, um duplo movimento:
- Recepção: a novela procura responder à pressão social de novos modelos sociais
- Produção: esta faz a projecção do que pode agradar à sociedade.
Para além deste duplo movimento, a autora Irene Mejier identifica 8 elementos fundamentais para o sucesso da novela: valores; diversidade/paleta; representação igual; potencial dramático; género; credibilidade; disponibilidade; consciência social.
Datas importantes na história da telenovela em Portugal
1977: começa a ser emitida a novela “Gabriela", tendo sido um enorme sucesso.
Para o compreender, há que desfazer a ideia de que a telenovela não é uma produção de qualidade. Esta combina vários componentes:
- Literatura: muitas são baseadas em romances
- Teatro: empregam os melhores actores e actrizes
- Cinema: emprega realizadores e argumentistas de grande qualidade
- Música: a novela serve de rampa de lançamento a muitos músicos e cantores
Assim, a novela tem muitas ligações a um conjunto apreciável de artes.
1992: arranque da televisão privada (SIC em ’92; TVI em ’93). Os primeiros anos são de conquista de audiências. Em 1995, a SIC lidera o primetime e, em 1999, é líder em todo o horário de emissão.
A liderança da SIC baseia-se em alguns pontos fortes:
- Informação: mais arrojada e irreverente
- Telenovelas: passa a transmitir as novelas da Globo
- Programação em geral: dirige-se às classes populares (C1), sem preocupações eruditas
(elementos extra)
- Revistas cor de rosa: o que faz sucesso nos media aparece nas capas de revistas; consolida-se a imagem de uma estação.
Na época de sucesso da SIC, vivia-se uma época de optimismo na actividade privada e expansão económica.
Em 1999, a TVI é parcialmente comprada pela Media Capital, o que leva à alteração da filosofia da estação (tendo esta, entretanto, perdido a sua vertente católica). Aposta-se em:
- Informação: dirigida às classes mais baixas (C2 e D)
- Telenovelas: aposta na ficção nacional (apoiada pela NBP)
- Reality Shows: o Big Brother foi a grande alavanca para o sucesso da TVI.
Assim, a TVI atinge a liderança num período de crise económica, de depressão. Encaixa-se no conceito de “televisão do povo”, que nasce na era da neo-tv (conceito de Eduardo Cintra Torres).
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