O autor centra-se na relação entre novas tecnologias e o consumo doméstico. Tal relação vai-se desenvolvendo nos últimos 200 anos, sendo que se caminha para a chamada “auto-suficiência doméstica” (domestic self-sufficiency).
Este período de 200 anos acima referido é divisível em cinco fases distintas:
- Revolução na velocidade (1780-1850): a velocidade de produção, transporte e consumo sofre uma grande diminuição. Para tal, foram essenciais as melhorias verificadas nos transportes. Este é o período do nascimento da sociedade de consumo, em que a economia é baseada na velocidade. Por outro lado, é nesta altura que nasce uma crise de controlo, por parte dos empreendedores, que têm dificuldade em gerir produtos, consumidores e ligações que surgem entre eles.
- Crise de controlo (1850-1880): surgem os grandes armazéns e também a comunicação telegráfica. Estes vêm dificultar o controlo do escoamento de produtos, apesar de terem, inicialmente, sido pensados para o facilitar. Procuram-se formas de obter o feedback de possíveis consumidores, de modo a melhor dirigir a publicidade (agora distribuída em massa pelos mass media). Mais tarde, o telefone (como sistema de intercomunicações) torna-se muito importante, na medida em que facilita a ligação entre as pessoas.
- Sistema e simultaneidade (1880-1940): A fase anterior levanta, agora, uma importante questão – como integrar as diferentes partes num todo (em termos da sociedade)? Durkheim fala de anomia social, na qual as partes perdem a noção do todo; como solução, procuram-se instituições públicas (como a educação ou a religião). Paralelamente, o consumidor é também atomizado por uma série de novas tecnologias. Assim, o objectivo passa a ser integrá-lo num todo – surge a questão da simultaneidade, concretizada na emissão (broadcasting).
- Harmonização e seus limites (1940-década de ’70): a televisão/audiovisual dá ao indivíduo, na esfera doméstica, a noção de integração social. Tal é inerente ao processo de harmonização, ligado ao boom do consumo de produtos electrónicos. A microelectrónica sofre, também, uma revolução, levando à convergência de meios num só suporte. Tais avanços levam à alteração da forma como o indivíduo/a família são encarados: surge a possibilidade de escolha .
- Escolha e convergência (a partir dos anos ’70): o “home entertainment” vai-se desenvolvendo e consolidando, criando uma sensação de “ligação separada”. Surgem, também, novas tecnologias, entre elas o PC; estas dão ao indivíduo liberdade de escolha a nível pessoal (“private individual”). A convergência de informação, comunicação e media traz novas formas de “domesticidade”, baseadas, sobretudo, na escolha individual.
Como forma de estudar a ligação do indivíduo com a diversidade de novas oportunidades no que concerne inovações tecnológicas no contexto doméstico, o autor levou a cabo um estudo de caso, em finais dos anos ’80. A partir deste, conclui que a novidade e o já estabelecido não se anulam – coexistem. Tal ideia é válida relativamente à domesticidade e formas de consumo com esta relacionadas.
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