domingo, novembro 03, 2013

Entrevista: Orlando Bloom fala do regresso de "Legolas" (Parte 2)

Eis a segunda parte da entrevista concedida por Orlando Bloom durante as filmagens de O Hobbit, na qual a conversa passa pelo uso de tecnologias inovadoras neste filme, bem como do ambiente nas filmagens, da construção da personagem Legolas e da interacção deste com Thranduil, o pai elfo de Legolas.

Pode descrever como é o trabalho com uma slave camera?
Essencialmente, há um ecrã verde num lado do estúdio, onde estão os anões. Se estiver a gravar uma cena com os anões, que provavelmente terão a altura da minha cintura, há uma slave camera no lado em que eles estão a representar e então eu estaria num set - ou vice versa, eles ficam no set e eu estou na parte do ecrã verde, com a slave camera. Os movimentos já estão preparados, nessa altura já temos de ter treinado e ensaiado a cena com duplos e actores. Depois, tudo isso é misturado em computador e, como por magia, é-vos apresentado como dois mundos perfeitos. Peço desculpa por não saber explicá-lo melhor que isto. Não é o meu forte.

Ajuda visualizar o resultado final, quando os dois mundos são "juntos"?
Sim, sem dúvida. Absolutamente. Às vezes ajuda, outras vezes nem é preciso. Mas não queremos pisar ninguém.

Imagino que tem de estar muito consciente de cada pequeno movimento que faz. Isso distrai, a nível de representação?
Tenho de dizer que não. De maneira alguma. Com estas câmaras que estamos a usar... filmamos cenas em que as câmaras são manuseadas, filmamos perspectivas mais afastadas, filmamos sequências com câmaras em movimento. Quando fiz Os Três Mosqueteiros, havia câmaras gigantes para movimentar, mas penso que isso era com película. Estas câmaras digitais e as red cameras são ainda algo maiores que as antigas câmaras de película, mas estamos a conseguir usá-las bem. São manejáveis o suficiente para conseguirmos fazer tudo o que faríamos com qualquer outra câmara. Além disso, não representamos para uma câmara 3D, simplesmente representamos e depois o realizador cria planos que fazem o filme ganhar vida. Para mim, enquanto actor, o processo de filmagens não se altera por ser em 3D. Não muda.

Porque sabemos que Legolas e Gimli criam aquela ligação em O Senhor dos Anéis, foi-lhe necessário recuar no sentido de representar o seu desagrado face aos anões neste filme, mostrando um Legolas diferente?
Sim. Este filme é anterior, e certamente iremos perceber de onde esse desagrado surgiu. Certamente.

Regressa à sua personagem em O Senhor dos Anéis para vestir a pele de Legolas?
Desculpe, não percebi o que quer dizer.

Olha para as coisas que ficaram deste universo e pensa, "depois de conhecer o impacto visual destes filmes, se representar as coisas de outra forma, significará algo diferente"?
Sim, embora não pense demasiado no que já fizémos. Basicamente, interiorizo o que me foi dado em termos do argumento e da história. Se me soar bem e for certo para a personagem, o que tem acontecido, porque o Pete e os outros argumentistas têm muita consciência disso, então não penso demasiado nas coisas. Sei que era intenção deles fazer com que estes filmes estejam feitos para levar a um filme como O Senhor dos Anéis.

Teve de voltar a treinar para regressar a este papel? Ou foi como voltar a andar de bicicleta, e as coisas fluíram naturalmente?
Não, tive de treinar. Vim mais cedo e foi muito agradável. É uma excelente personagem para se criar. Voltei a fazer alguns movimentos élficos e a treinar a parte física da personagem, que é muito diferente de... dez anos a interpretar personagens humanas, com comportamentos humanos. E foi muito útil para mim regressar e recordar o dialecto élfico, os movimentos élficos, treinar tiro com arco e lembrar todas essas coisas. Foi uma parte muito agradável do trabalho de criar novamente esta personagem.

Dá conselhos aos novos actores do elenco, sendo um dos veteranos deste filme?
Para ser sincero, temos actores formidáveis neste filme, e todos eles estão aqui [nas filmagens] há mais tempo que eu. Estiveram já a filmar as cenas dos anões e isso, todo esse mundo foi filmado primeiro, por isso eles estavam muito à vontade nas filmagens. Há sempre aquela fase antes de começarmos qualquer filme em que apenas nos queremos sentir à vontade. Quando isso acontece, pensamos "Ok, estou pronto". Por isso não penso que esteja nessa situação, tudo é muito diferente agora.

E já gravou alguma cena com os actores da trilogia original, como Ian McKellen? Já trabalhou com ele?
Ainda não, mas penso que há planos para o fazermos. Mas por enquanto, não.

Terá a oportunidade de atirar algum anão, como fez na trilogia anterior?
Há alguns momentos divertidos com anões. Não posso partilhar muito para já, mas haverá interacções cómicas. No entanto, será diferente, pois como já falámos anteriormente, a relação... a amizade entre Legolas e Gimli cresceu ao longo de três filmes. Neste [filme] ainda vejo os anões como o fazia antes de chegar ao Consílio de Elrond, ou seja, com muito desprezo por aquilo que eu, sendo elfo, acredito que é o propósito de vida deles. Não será bem a mesma coisa, mas há provocações e momentos engraçados.

(...) Nos primeiros três filmes de O Senhor dos Anéis, mudou muita coisa entre os diálogos filmados e o argumento? E neste filme, recebem as páginas de texto na noite anterior, e depois os diálogos finais mantêm-se?
Poderei responder a essa pergunta? Sim, receber páginas na noite anterior é prática muito comum.

E era assim nos filmes d'O Senhor dos Anéis?
A forma como o Pete, a Fran e a Phillipa trabalham é-lhes muito característica, e sim, havia muitas alterações no argumento até ao último minuto. É um empreendimento enorme, um filme como O Senhor dos Anéis, mas este filme também o é. As coisas estão sempre a fluir, mas começámos com um argumento que tem vindo a evoluir e a melhorar. É esse o objectivo deles, e é por isso que há alterações no argumento, que podem ser de última hora, mas a ideia transmitida na cena será a mesma. Poderão é ser acrescentados ou criados outros momentos. A tendência é a do argumento ir evoluindo, mas penso que isso funciona para eles e também para a história. É um trabalho incrível, percebe, e eles levam-nos muito a sério. O objectivo é fazer o melhor filme possível, pelo que continuam sempre a fazer alterações ao argumento. É assim que eu o vejo, e penso que é a opinião geral.

Pode falar-nos um pouco da dinâmica entre a sua personagem e o pai? Veremos muito dessa dinâmica?
Embora relutantemente, porque penso que é mais interessante que o vejam, posso falar disso. Quando digo que há uma certa rivalidade - um príncipe versus um rei, um pai versus um filho, há definitivamente dessas rivalidades no filme. Não quero desenvolver muito o assunto, mas é uma dinâmica interessante. Thranduil é o rei dos elfos do Reino da Floresta e, como disse, esses elfos são algo mais combativos. Sabendo que o Legolas será como uma ponte, um arquitecto da paz entre os elfos e o resto das criaturas, é fácil imaginar que haverá uma parte de mim que tentará compreender melhor os problemas do resto do mundo, o que entrará em conflito com o meu pai. Isto ajuda?
A experiência de fazer este filme é completamente diferente. Não poderia ser o mesmo, porque no primeiro não tínhamos expectativas. Foi algo único. Com este, claro, há alguma expectativa. Na verdade, a forma como estamos a filmar é muito parecida com o que fizémos em O Senhor dos Anéis, com algumas diferenças. Há muito aquela sensação de caos criativo, algo muito especial como o que fizémos em O Senhor dos Anéis. Esperamos conseguir novamente algo assim tão especial e único. É diferente de qualquer outro filme, por certo. Espero que as audiências também o vejam assim.

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