sexta-feira, setembro 14, 2007

"Um coração poderoso"

Praticamente todo o mundo se lembra do rapto e posterior assassinato do jornalista Daniel Pearl. Os eventos tiveram lugar no Paquistão, entre Janeiro e Fevereiro de 2002 - em pleno período pós-11 de de Setembro.

O filme "Um coração poderoso" traz-nos uma visão mais pessoal destes acontecimentos, através do olhar da mulher de Daniel Pearl, Mariane. Grávida de 6 meses, Mariane vive a angústia e o desespero de não saber se o marido está ou não vivo, numa cidade onde tudo é estranho e se misturam influências ocidentais com um modo de vida muçulmano e arcaico.

"Um coração poderoso" tem em Angelina Jolie a sua peça mais forte. É ela o elemento central da trama, é ela quem dá fôlego à história. A sua interpretação de Mariane é cuidada, atenta aos detalhes de linguagem e pronúncia, aos gestos e ao olhar. Angelina tem o seu melhor momento quando Mariane se aprecebe de que o marido está, de facto, morto. A dor e o sofrimento sentem-se na sala, transmitidos pelo seu angustiado grito de animal ferido.

A câmara ajuda a criar um ambiente intimista, filmando em movimento e com muitos planos próximos. Tal dá-nos ainda mais a sensação de estar a assistir a um documentário, em lugar de um filme.

A própria cidade de Carachi, onde tem lugar a acção, é, em si mesma, uma personagem vital no desenrolar da trama. A confusão, os contrastes, a pobreza, os extremos que são visíveis em praticamente todos os planos de extrerior ajudam a montar o cenário de caos e de perda necessário para que se entenda como foi, realmente, aquele período da vida de Mariane.


Este é mais um dos filmes que, tal como "Babel", nos choca, mas que também serve para nos mostrar o pior e o melhor da Humanidade. Mariane nunca desistiu de ter esperança. Daniel Pearl foi raptado devido à sua ânsia de tornar o mundo um lugar melhor. Ao sermos conforntados com estas realidades tão cruas, temos a obrigação de reflectir, bem como de tomar consciência de que o mundo é um lugar de extremos, no qual encontramos as piores atrocidades, mas onde também há lugar para a esperança e a felicidade. E são estas algumas das coisas pelas quais vale a pena viver.

"I love you..."

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